Passar horas no trabalho sem se exercitar prejudica a saúde. Saiba o que fazer para reduzir os riscos

Está provado que fazer pausas para exercícios de força e alongamento aumenta o fluxo sanguíneo, melhora a função cerebral, inclusive… [ ]

2 de agosto de 2024

Está provado que fazer pausas para exercícios de força e alongamento aumenta o fluxo sanguíneo, melhora a função cerebral, inclusive a excitação mental e a concentração, e reduz a sensação de fadiga. — Foto: Freepik

Está provado que fazer pausas para exercícios de força e alongamento aumenta o fluxo sanguíneo, melhora a função cerebral, inclusive a excitação mental e a concentração, e reduz a sensação de fadiga. — Foto: Freepik

A inatividade física é um assassino. Quando nos tornamos inativos, perdemos a força muscular e, por isso, é mais provável que tenhamos uma série de problemas de saúde.

Entre eles, declínio cognitivo, problemas musculoesqueléticos, mais quedas, lesões graves, hospitalizações e desenvolvimento de diabetes, doenças cardíacas, demência, fragilidade, incapacidade funcional e até mesmo algumas formas de câncer.

A fraqueza causada por estilos de vida sedentários impõe uma carga insustentável aos cuidadores e aos sistemas de saúde.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o custo da inatividade física para os sistemas públicos entre 2020 e 2030 será de cerca de US$ 300 bilhões. Em 2022, o governo do Reino Unido afirmou que o sedentarismo estava associado a uma em cada 6 mortes no país.

Historicamente, as pessoas se tornavam menos afeitas a se exercitar à medida que envelheciam. Mas, agora, mudou. Os jovens, especialmente aqueles envolvidos em trabalhos sem esforço do corpo, como os de escritório, estão se tornando fisicamente fracos, tirando mais licenças médicas de longo prazo e se aposentando mais cedo.

As condições de ocupações ‘paradas’ podem levar à fadiga mental, dores e desconfortos, e podem até ser um fator que contribui para o recorde histórico de inatividade econômica no Reino Unido. Grandes empregadores – aqueles com pelo menos mil funcionários – gastam cerca de 2 milhões de libras por ano em faltas por doença.

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O treinamento de força é um dos tipos de exercício mais eficazes para a saúde do corpo e da mente, e é uma das duas principais recomendações listadas nas diretrizes de atividades físicas da OMS. Infelizmente, também é a forma que as pessoas têm menos probabilidade de praticar.

Para os funcionários de escritórios, foi demonstrado que fazer pausas para exercícios de força, como agachamentos com o peso do corpo em sua mesa, aumenta imediatamente o fluxo sanguíneo, melhora a função cerebral, inclusive a excitação mental e a concentração, e reduz a sensação de fadiga.

Entretanto, em minha experiência como fisiologista do exercício clínico, as pessoas tendem a pensar que não são jovens, aptas, enérgicas ou ativas o suficiente para iniciar um treinamento forte para os músculos.

Porém, as pesquisas descobriram que o oposto é verdadeiro: vale para qualquer idade e qualquer nível de condicionamento corporal. Todos que praticam recebem os benefícios do aumento dos níveis de energia e do aumento espontâneo da atividade física.

Outras barreiras para iniciar os treinos incluem a falta de tempo, de conhecimento especializado e de espaços confortáveis em academias comerciais. Essas barreiras são exacerbadas para as mulheres que têm maior carga de responsabilidades de cuidados, deixando pouco tempo para se concentrar na própria saúde.

Se sabemos da importância e conhecemos as barreiras que impedem as pessoas de participar, por que continuamos a ficar aquém do desafio global de melhorar os níveis de atividade física? Porque há escassez de programas bem-sucedidos em ambientes do mundo real?

Minha última pesquisa concluiu que as pessoas na faixa etária de 40 a 60 anos conheciam os benefícios de ter força muscular, mas não tinham orientação prática para participar. Elas pediram mais apoio para saber onde encontrar os detalhes necessários e obter confiança suficiente para começar a treinar o corpo.

Atualmente, os interessados têm que pesquisar no Google e esperar que as informações encontradas sejam seguras e baseadas em evidências. Os participantes da pesquisa também acharam que o local de trabalho era uma oportunidade perdida para melhorar o condicionamento físico.

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Manter uma força de trabalho saudável

Será que os funcionários acham que a simples distribuição de passes gratuitos para academias de ginástica, como parte do pacote de bem-estar, supera, de alguma forma, as barreiras de tempo que enfrentamos ao tentar ir à academia depois do trabalho e saber o que fazer quando chegamos lá?

Os empregadores precisarão se esforçar mais se quiserem evitar as consequências das condições de escritórios sedentários. Não podemos esperar que as pessoas cheguem a uma crise de saúde para intervir. É necessário oferecer apoio proativo e prático para que cuidem da saúde durante o trabalho. E o trabalho seja cuidado por gente saudável. Melhor para todos.

Isso pode significar a contratação de um fisiologista do exercício ou de um treinador para ir ao ambiente de trabalho ou usar a tecnologia para oferecer sessões virtuais e sob demanda para os empregados.

Os programas podem até mesmo transformar a participação em um jogo para criar camaradagem dentro e entre departamentos ou empresas.

Além disso, esse hábito saudável provavelmente levará mais pessoas a mantê-lo até a aposentadoria – ou seja, mais fortes, ativas, independentes e sem problemas por mais tempo.

Oferecer suporte ao treinamento de força por 30 minutos, duas vezes por semana, é um pequeno sacrifício para uma equipe de trabalhadores mais saudável, feliz, produtiva e resiliente.

Quem está procurando a maneira mais fácil de melhorar os níveis de saúde e a cultura do escritório, tudo ao mesmo tempo, não precisa procurar mais. Implementar treinamento de força no local de trabalho me parece um investimento muito forte e eficaz.

*Ashley Gluchowski é Fisiologista do Exercício Físico de Escola de Saúde e Sociedade da Universidade de Salford.

**Este texto foi publicado originalmente no site da The Conversation Brasil.

via: G1

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